América Latina

Pedro Guerreiro - 11 Mar 2016

Tentando conservar a iniciativa que a evolução da situação lhe propiciou, o imperialismo procura recuperar o terreno que perdeu com os significativos avanços alcançados nos últimos 15 anos pelas forças progressistas e revolucionárias em países da América Latina e das Caraíbas

 A situação na América Latina deve continuar a merecer grande atenção. Procurando tirar partido das ondas de choque da explosão de crise que gerou e que, neste momento, estão a ter profundas repercussões na situação económica em muitos países deste sub-continente, os EUA estão a levar a cabo uma metódica e ampla contra-ofensiva na América Latina.

 Tentando conservar a iniciativa que a evolução da situação lhe propiciou, o imperialismo procura recuperar o terreno que perdeu com os significativos avanços alcançados nos últimos 15 anos pelas forças progressistas e revolucionárias em países da América Latina e das Caraíbas. Avanços que abriram caminho a diversificados processos de desenvolvimento soberano, à significativa melhoria das condições de vida de amplas camadas da população, arrancadas da pobreza, a importantes espaços de cooperação e integração – que, nomeadamente, puseram fim ao isolamento imposto pelos EUA a Cuba –, pondo em recuo as forças neoliberais e os Estados Unidos.

 Cientes das fragilidades, das contradições, dos limites e das dificuldades que enfrenta cada um desses processos, os EUA intensificam a sua sistemática ingerência, incentivando e aglutinando as forças mais reaccionárias nos países em que estas sofreram duros golpes e utilizando a sua influência e poder económico, ideológico e político para promover a desestabilização desses importantes processos de afirmação soberana e anti-imperialista, de avanço progressista e de transformação revolucionária, criando, se possível, as condições para a sua reversão.

 Foi assim que as forças reaccionárias e, mesmo, golpistas, conquistaram algumas importantes posições institucionais na Argentina ou na Venezuela, que usam agora para potenciar a sua acção de desestabilização e destruição. É assim que continua a operação de desestabilização e de cariz golpista no Brasil, cujo último passo foi a provocação montada contra Lula da Silva, visando debilitar o que este representa de esperança para milhões de brasileiros. É assim que recrudesce a pressão sobre o Equador e a Bolívia. É assim que se mantém o bloqueio norte-americano contra Cuba. É assim que os EUA e as oligarquias latino-americanos continuam a agir contra todos os países que na América Latina e nas Caraíbas, defendendo a sua soberania e os legítimos interesses dos seus povos, de algum modo conflituem, resistam e rejeitem os ditames e o domínio do imperialismo.

 No entanto, deverá salientar-se que os Estados Unidos e os seus acólitos locais não têm facilitada a concretização das suas nefastas intenções. Agudizam-se as lutas. Clarificam-se os campos. Enfrentando as dificuldades, procurando encontrar as respostas mais adequadas face a cada situação concreta, as forças revolucionárias e progressistas resistem à contra-ofensiva nos diferentes países. Lutas de coragem e persistência. Lutas em que defendendo os avanços e conquistas alcançados, se cria, ao mesmo, tempo as condições que possibilitem novos avanços e conquistas. Lutas que exigem a mobilização organizada dos trabalhadores e de amplas massas populares em defesa dos seus direitos, por transformações democráticas cada vez mais profundas que ataquem a raiz da injustiça social, por transformações revolucionárias. Lutas que, como a experiência confirma, se reforçam pela convergência e unidade das forças revolucionárias e progressistas contra o inimigo comum.

 Perante os grandes desafios que se colocam à América Latina, a solidariedade com a luta dos povos latino-americanos e caribenhos pela soberania e independência nacional, por avanços democráticos e progressistas, por transformações revolucionárias, pela construção do socialismo, é mais necessária do que nunca.

 

[Artigo tirado do sitio web portugués ‘Avante’, núm. 2.206, do 10 de marzo de 2016]