Venezuela

Pedro Guerreiro - 20 Xul 2017

O importante processo de afirmação soberana e de transformações democráticas e progressistas na Venezuela, iniciado com a eleição do Presidente Hugo Chávez em 1998, não teve um momento de trégua.

Ultrapassada a surpresa inicial, os EUA, que saqueavam há décadas e impunemente os recursos venezuelanos, e a oligarquia parasitária interna, que se apropriava da renda petrolífera e que punha e dispunha de uma economia fortemente dependente do exterior, logo procuraram aniquilar o processo bolivariano.

 Da sua constante acção antidemocrática e permanente guerra económica, recordemos a campanha contra a Assembleia Nacional Constituinte, convocada pelo Presidente Hugo Chávez em 1999, o golpe de Estado em 2002, o boicote económico e petrolífero em 2003, o referendo revogatório contra Hugo Chávez em 2004, a violência golpista na sequência das eleições presidenciais de 2013, a instrumentalização do Parlamento após as eleições de 2015 para atacar o processo bolivariano e as suas realizações – que inclui a tentativa de destituir o presidente, paralisar a acção do seu governo, afrontar a Constituição e até apelar a uma intervenção externa – ou o actual incremento da violência golpista.

 Para vencer e ultrapassar os enormes e exigentes desafios e obstáculos com que a Revolução bolivariana se confrontou e continua a confrontar, foi e continua a ser determinante a tomada de consciência, mobilização, determinação e unidade do povo venezuelano, das forças revolucionárias, progressistas, democráticas e patrióticas, da aliança cívico-militar, na defesa do que foi alcançado e na conquista de novos e mais profundos avanços.

 É tendo consciência desta realidade, que clamando falsamente pela «liberdade», a «democracia» e os «direitos humanos» – como o fizeram cinicamente em tantas outras operações de desestabilização e golpes, imposição de sanções, bloqueios e agressões contra povos e Estados soberanos –, os EUA e seus acólitos europeus brandem ameaças contra a Venezuela face à realização das eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, evidenciando afinal o seu imenso desrespeito pela soberania e independência da Venezuela, pelo direito do povo venezuelano a decidir o seu futuro livre de qualquer ingerência externa.

 Do mesmo modo, e após a indescritível farsa e monumental aldrabice que foi a dita «consulta simbólica» realizada dia 16 de Julho pela «oposição», a oligarquia apela ao incremento do boicote económico, à paralisação do comércio, da indústria e dos serviços, ao aumento da violência terrorista na Venezuela – procurando atingir os trabalhadores e a população –, ao mesmo tempo que anuncia a intenção de urdir «instituições» fictícias, contando sempre com a almejada «democrática» intervenção externa dos EUA e seus serventuários.

 É neste contexto que a eleição, por voto directo, universal e secreto, da Assembleia Nacional Constituinte, dia 30 de Julho – convocada pelo Presidente Nicolás Maduro, no respeito e salvaguarda da Constituição venezuelana – assume uma grande importância para a defesa, continuidade e aprofundamento da Revolução bolivariana, das instituições e realizações democráticas, da soberania e independência, do posicionamento solidário e anti-imperialista da República Bolivariana da Venezuela.

 

[Artigo tirado do sitio web portugués Avante, núm. 2.277, do 20 de xullo de 2017]