Siría: A mentira como arma de guerra

Pedro Guerreiro - 17 Abr 2017

A agressão dos EUA e seus aliados à Síria e ao seu povo não é excepção. Desde o primeiro momento a falsidade, nomeadamente assumindo a forma da provocação, acompanhou a acção dos agressores que constantemente procuram criar um qualquer pretexto que favoreça a escalada da intervenção externa contra este país

 Nas guerras imperialistas a verdade é a primeira vítima. As acções de agressão à soberania dos povos por parte dos EUA e seus aliados – para eliminar governos e destruir estados que de algum modo se lhes não submetam – têm sido precedidas por operações de manipulação para, com base em falsos pretextos, criar as condições para que aquelas sejam acriticamente aceites e até vistas como se legítimas fossem.

 Recordemos as recentes guerras contra o Iraque e a Líbia e as campanhas de falsidades e desinformação que as acompanharam, através das quais os EUA e seus aliados pretenderam ocultar os reais objectivos e as brutais consequências das suas criminosas acções, procurando dificultar a sua ampla denúncia e condenação e estigmatizar e desacreditar a expressão da solidariedade para com a legítima resistência face à agressão.

 A agressão dos EUA e seus aliados à Síria e ao seu povo não é excepção. Desde o primeiro momento a falsidade, nomeadamente assumindo a forma da provocação, acompanhou a acção dos agressores que constantemente procuram criar um qualquer pretexto que favoreça a escalada da intervenção externa contra este país, tendo sido denunciados hediondos crimes perpetrados por grupos terroristas com este propósito – incluindo a utilização de armas químicas –, intencionalmente atribuídos ao governo e Forças Armadas sírias.

 Foi precisamente por terem consciência de a quem servia e de quem estava por trás da utilização de armas químicas como pretexto para a escalada da intervenção externa que as autoridades da Síria decidiram que fosse destruída a totalidade deste tipo de armamento em sua posse em colaboração com a Organização para a Proibição das Armas Químicas.

 Sublinhe-se que resistindo corajosamente a seis anos de uma brutal agressão dos EUA e seus aliados – incluindo através da criação e apoio a grupos terroristas e da violação da sua soberania e integridade territorial por tropas dos EUA e da Turquia, entre outros países da NATO, não esquecendo a ilegal ocupação dos Montes Golã por parte de Israel –, a Síria continua a avançar na libertação de populações e do seu território e a alcançar importantes passos no caminho do diálogo com vista a uma solução política.

 É pois neste quadro que, não tendo conseguido instrumentalizar o Conselho de Segurança das Nações Unidas como seu cúmplice na violação do Direito Internacional, os EUA desencadeiam um novo acto de agressão à Síria, a pretexto de um alegado «ataque com armas químicas», cuja responsabilidade as autoridades sírias negam, continuando a carecer de rigoroso esclarecimento o que efectivamente se passou em Khan Sheikoun.

 Face aos arautos da guerra, inaceitável seria pactuar com aqueles que procuram confundir o agredido com o agressor. Confundir a acção agressiva dos EUA e seus aliados com a legítima resistência da Síria ou com a postura de outros países que, agindo no respeito da Carta das Nações Unidas, apoiam a Síria e o seu povo, significaria branquear os objectivos e sérios perigos da actual investida do imperialismo e anular forças que podem e devem opor-se aos seus intentos.

 

[Artigo tirado do sitio web portugués Avante, núm. 2.263, do 13 de abril de 2017]